Na década de sessenta, a juventude almejava o amor livre. Essa liberdade viria, segundo pensavam os jovens daquela época, a resolver todos os problemas de relacionamento entre os casais. Na sua ingenuidade e inconsequência, características da idade, acreditavam, desse modo, que acabariam os casamentos de fachada que aparentam uma felicidade inexistente, bem como a infidelidade conjugal, a falta de respeito entre os cônjuges e outros problemas. Seria só namorar e “juntar-se” para o casalzinho viver feliz para sempre. Havia uma aura de romantismo sustentando essas idéias, e uma vontade de ser feliz e de fazer o outro feliz. Segundo parece, a legalização do casamento perante o juiz é que tiraria o toque saudável, romântico e mágico da união, fazendo com que o casal se sentisse “amarrado” para sempre, em vez de feliz para sempre, como deve ser. Mas a solução não seria tão simples assim.
Fuga da realidade
Usando uma expressão muito em voga naquela época, podemos dizer que esses ideais falsamente românticos representavam uma “fuga da realidade”. Só que as pessoas não se davam conta disso.
Curiosamente, usavam muito a expressão mas não conseguiam reconhecer que era isso mesmo que estavam fazendo – fugindo da realidade, ao desejar o amor livre. Acrescente-se e enfatize-se: amor livre principalmente de responsabilidades. Em qualquer de nossos atos, seja concernente à vida sexual ou não, a realidade jamais se encontra desvinculada da responsabilidade. Esse é um item que nunca pode ser ignorado.
No que deu
Realmente, concretizou-se o ideal do amor livre – mas acompanhado de um sabor um tanto amargo e inesperado. As coisas não aconteceram como imaginadas nos tempos de sua idealização. Suas conseqüências, hoje, ultrapassam os limites da imaginação, pois as pessoas chegaram a perder o domínio sobre sua vida íntima. É grande o número das que são teleguiadas pela indústria do sexo e da pornografia; a liberdade pessoal parece perdida, porque o comportamento sexual tornou-se padronizado.
E, mais uma vez, constata-se através dessa experiência, a capacidade que tem o ser humano de degenerar-se moralmente. Da liberdade romântica, desejada a princípio, passou-se para outros tipos de experiências como a do casamento aberto, em que marido e mulher podem ter suas aventuras extraconjugais sem que isso seja considerado infidelidade. Ainda mais, práticas que em outros tempos só eram vistas em prostíbulos passaram a ser aceitas com naturalidade por pessoas de boa família. Sexólogos as estimularam e ainda as defendem, ao lado da mídia que as divulga, exemplifica e dá instruções de como proceder, através de “literatura” obscena e licenciosa.
Espetáculo circense
Mas isso ainda não é tudo, a prática sexual transformou-se em atração, em espetáculo para ser assistido através da televisão e no cinema. E que também pode acontecer em locais inusitados como dentro de elevadores ou nas praças, segundo sugerem as publicações da indústria do sexo.
Uma amostra disso foi vista na televisão mexicana, num de seus programas tipo reality-show, que mostrou cenas de sexo explícito, e cuja notícia foi divulgada num noticiário da TV brasileira, acompanhada das respectivas imagens. Sem qualquer tipo de pudor, o casal, completamente alheio ao fato de estar sendo visto por milhares de pessoas, mantém relação sexual sem sequer cobrir-se com um edredom, como fazem os integrantes dos reality-shows da televisão brasileira – ainda que o uso de uma coberta pouco altere a indignidade do espetáculo.
Nesse momento, em que a intimidade de um casal transforma-se em uma espécie de atração circense, chega-se a pensar que até mesmo a barreira que separa o ser humano dos seres irracionais desapareceu. E o pior é que há espectadores para esse tipo de espetáculo, os chamados voyeurs.
Mas ainda resta esperança, pois se muitos são os que agem como robôs, há ainda milhões de pessoas que têm conhecimento do respeito que se deve ter pelo corpo humano, por ser morada do Espírito Santo de Deus. Por meio desse povo – cristão - formado por “reis e sacerdotes para Deus”, (Apocalipse 1.6), manter-se-á imorredoura a chama da dignidade humana.
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